sexta-feira, 7 de outubro de 2016

Precisamos falar sobre a Agenda Homo... Sapiens!

Já faz algum tempo que estou imerso no meio literário, mas nenhuma literatura me abriu tanto os olhos quanto Simon vs. A agenda homo sapiens. E eu não falo porque o protagonista do livro é gay, isso é apenas um detalhe do personagem, assim como a cor do seu cabelo. O que mais me impressiona é que a autora, Becky Albertalli, mostra como estamos presos a um estereótipo branco e heterossexual na literatura.

Isso fica muito claro quando somos apresentados a uma das melhores amigas de Simon, Abby, e eu automaticamente criei a imagem de uma menina branca e loira e me surpreendi quando a autora descreve a personagem como negra. Mas aí está a questão: por que eu fiquei surpreso se ser negro também é normal? 

Resumindo o livro em um parágrafo: temos a história de Simon, um jovem de 17 anos que está apaixonado por Blue, um menino que troca e-mails, mas não sabe quem é, apenas que estuda na mesma escola. No livro acompanhamos o processo de Simon se aceitar como gay e começar contar para seus amigos e família e como ele enfrenta as diversas reações das pessoas, inclusive as homofóbicas.

A melhor parte do livro, sem sombra de dúvidas, é a troca de e-mails entre Simon e Blue. É nessa hora que percebemos o quanto nossa sociedade é estranha e desigual. Em um desses e-mails o Simon questiona porquê ele tem que se assumir gay e os outros não precisam se assumir hétero. Quando blue o cita sobre a agenda homossexual, o Simon corrige para agenda homo sapiens.
Blue: “É mesmo muito irritante que hétero (e branco, diga-se de passagem) seja o normal e que as pessoas não precisam pensar sobre sua identidade sejam só aquelas que se encaixam nesse molde. Os héteros deviam mesmo ter que sair do armário, e quanto mais constrangedor fosse, melhor. O constrangimento deveria ser obrigatório. Seria essa a nossa versão da Agenda Homossexual? ”
Simon: “Agenda Homossexual? Não sei. Acho que está mais para Agenda Homo Sapiens. A questão é exatamente essa, né?”
Fiquei curioso e fui pesquisar o que seria a agenda homossexual. Para quem não sabia, assim como eu, a agenda homossexual, ou agenda gay, é uma maneira pejorativa dos cristãos conservadores criticarem os homossexuais e lutarem contra esses “pecadores”, como eles os chamam. Quando o Simon corrige para Agenda Homo Sapiens, na minha cabeça fez todo sentido. Afinal, o mal está na sociedade. A sociedade que oprime, que machuca, que dita o que é certo através apenas dos seus ideais (naturalmente, ideais brancos, machistas, homofóbicos, racistas).

Recomendo demais a leitura de Simon vs. A agenda homo sapiens para que possamos, sim, conversar sobre a agenda homo sapiens e, quem sabe assim, abrir os olhos e sair da caixinha.


terça-feira, 2 de junho de 2015

Resenha #1: "Doctor Who - Shada" por Gareth Roberts

Olá pessoal, tudo bem?

Hoje venho resenhar um livro fantástico e adorado pelo público nerd, principalmente os fãs de Doctor Who, que é Shada. Allons-y!

Título: Doctor Who - Shada
Autor (a): Gareth Roberts
Editora: Suma das Letras
Páginas:345
Ano: 2014
Nota: 5/5
Doctor Who: Shada - Vista e cultuada em mais de 200 países, a série de TV Doctor Who é um ícone cultural britânico que conquistou mais de 70 milhões de fãs em 50 anos de aventura.
O seriado acompanha o Doutor: um viajante misterioso, vindo do planeta Gallifrey, movido pelo desejo de explorar todos os cantos do tempo e do espaço. Um dos Senhores do Tempo, o Doutor é capaz de se regenerar para escapar da morte, mudando de corpo, rosto e personalidade. Com seus companheiros, humanos e alienígenas, ele protege a Terra e o cosmos contra perigos de todos os tipos.
Shada reconta um episódio que nunca foi transposto para as telas de televisão, uma aventura “perdida” de 1979. Escrita pelo então editor de roteiros da série, Douglas Adams, o autor de O guia do mochilerio das galáxias, Shada traz a quarta encarnação do Doutor e sua companheira Romana II.

Shada originalmente seria um roteiro para a série de televisão de Doctor Who, escrita por ninguém menos que Douglas Adams, e que acabou não sendo exibida e se tornando uma "história perdida". Recentemente o roteiro para a série foi encontrado e a função de transcrevê-lo para o livro ficou nas mãos de Gareth Roberts, que escreveu diversos livros durante a longa e dolorosa década de hiatus da série, além de ser o responsável pelos roteiros dos episódios “The Shakespeare Code”, “The Unicorn and the Wasp”, “Planet of the Dead”, “The Lodger” e “Closing Time”.

Explicando Doctor Who de forma resumida, temos o Doutor, um Time Lord, que é como são conhecidos os habitantes do planeta de Gallifrey, que viaja pelo tempo e pelo espaço através da TARDIS. A TARDIS é uma espaçonave que pode fazer viagens no tempo e, especificamente a do Doutor, tem a forma de uma cabine de polícia londrina de 1960. Em todas as suas aventuras o Doutor está sempre acompanhado por alguém, geralmente uma mulher, que se torna sua companion. Além disso, o segredo para a série está sendo exibida há 50 anos é que os Time Lords conseguem enganar a morte se regenerando, ou seja, sempre que estão perto de morrer eles mudam de corpo, de personalidade, tudo, mas mantém as memórias do corpo anterior. Assim, sempre houve rotatividade dos protagonistas e em Shada acompanhamos uma aventura do quarto Doutor.

O Doutor viaja até a universidade de Cambridge, junto com sua companion Romana II, por conta do chamado de um velho amigo seu, o Professor Chronotis, que também é um Time Lord mas está "aposentado", já passando pelas 12 regenerações (número máximo) e tendo mais de 12 mil anos de idade. A intenção do Professor era que o Doutor devolvesse a Gallifrey um livro extremamente poderoso e perigoso que ele havia roubado. O que eles não contavam é que, sem querer, Chris Parsons, um estudante, havia pego o livro por engano. Em contra partida temos Skagra, o vilão da vez, que está atrás do livro do Professor para conseguir completar seu plano. 

Skagra é um grande psicopata que deseja se tornar o novo Deus do universo e para isso ele desenvolveu uma máquina que consegue extrair as memórias das pessoas e transferir para ele, porém para completar seu plano ele precisa desvendar O venerável e ancestral livro das leis de Gallifrey e tomar para si um poder misterioso e escondido através dos milênios pelos Time Lords.

"Aos 5 anos, Skagra conclui sem sombras de dúvidas que Deus não existia. A maioria das pessoas que chegam a tal constatação reage de uma das seguintes formas - com alívio ou com desespero. Somente Skagra reagiu pensando 'Peraí. Isso significa que existe uma vaga disponível.'"(P. 11)

Tudo mais que eu contar a partir de agora será um enorme spoiller, mas posso adiantar que Shada consegue te prender na leitura do início ao fim. Eu não conseguia parar de ler e tive que me forçar para poder dormir. Durante toda a leitura vários pontos surgem e no final todos eles são amarrados de forma surpreendente, com diversas voltas e reviravoltas inimagináveis.

Roberts conseguiu dar uma velocidade incrível para o roteiro do Adams. Com parágrafos curtos, intercalando o foco entre cada personagem, e narrativa em terceira pessoa é possível encontrar em Shada uma história completa e com todos os pontos de vista devidamente abordados.

Um aviso importante para quem está acompanhando a série a partir do reboot, como eu: na série clássica os Time Lords não eram uma raça extinta e o planeta de Gallifrey ainda existia, tanto que Romana também é uma Time Lord. De começo estranhei um pouco, mas pesquisei sobre a série clássica e a escrita do livro é tão fascinante e logo nos acostumamos com os fatos.

O livro é publicado pela Suma das Letras, as folhas são amareladas e a fonte possui um tamanho agradável para leitura. 



domingo, 31 de maio de 2015

Rufem os tambores, cheguei!

Olá amigo (a),

Além das minhas leituras surgiu hoje, em 31 de março de 2015, graças a minha necessidade de comentar sobre todas as coisas que gosto e que vão além das minhas leituras. O foco será nos livros, principalmente com resenhas, mas vez por outra trarei um pouco sobre filmes, séries, vida cotidiana e tudo mais que a cabeça de um (futuro) jornalista for capaz de fabricar.

Já cheguei a manter um blog literário, o Encantos Paralelos, mas que por motivos diversos teve que ser fechado. Depois de mais de um ano afastado da blogosfera, me sinto maduro o suficiente para voltar a este universo, com novos ideais e horizontes para serem desbravados.

Diferente do Encantos Paralelos que mantinha um calendário de postagens, uma equipe e focava em conseguir parcerias, o Além das minhas leituras é um espaço meu, onde vou postar tudo que gosto no tempo que minha rotina permitir.

Espero que você goste do meu espaço e dos meus textos, de resto só basta desejar uma ótima leitura!